FRAUDES VIRTUAIS DURANTE A PANDEMIA: O QUE FAZER PARA EVITAR SER A PRÓXIMA VÍTIMA?

O atual momento que vivenciamos é excepcional em diversos aspectos. Com a adoção do isolamento social como forma de prevenção ao novo coronavírus, a população brasileira, em geral, tem dedicado mais horas para navegação na internet, o que implica em uma maior exposição aos possíveis ataques virtuais.

As empresas Kaspersky e PSAFE, que trabalham no ramo de segurança digital, identificaram em relatórios recentes o crescimento exponencial de golpes cibernéticos desde o início da pandemia. Foram mais de 24 milhões de tentativas de crimes virtuais desde o início de março até a primeira semana de junho. Grande parte dos “golpes” aproveitaram o coronavírus como fachada. Os criminosos ainda utilizaram como iscas menções ao “auxílio emergencial” e à “Caixa Econômica”.

Diante da seriedade do assunto, o Ministério da Cidadania pronunciou-se, por meio de documento oficial, em entrevista ao Fantástico, neste último domingo (14/06), informando que “qualquer indício de ilegalidade, em especial na ótica criminal, deve ser imediatamente informado à Polícia Federal”[1].

Uma outra empresa, a Refinaria de Dados, especializada em coleta e análise de informações digitais, divulgou que no intervalo de tempo entre 20 de março e 18 de maio, a busca de informações pessoais e bancárias de brasileiros por criminosos na chamada dark web ultrapassou 19 milhões. No período anterior a pandemia, as buscas não ultrapassavam 9 milhões, de modo que o crescimento foi de cerca de 108%[2].

Para a obtenção dos dados privados, um método comum utilizado pelos criminosos é chamado de phishing, que basicamente consiste no envio para a vítima de um e-mail ou SMS com um link solicitando o preenchimento de um formulário ou o envio de informações pessoais para uma página que aparenta ser legítima. Tais dados são repassados a terceiros, que os fornecem para outros interessados e assim por diante. A Febraban, Federação Brasileira de Bancos, informou que essa prática delituosa também sofreu um aumento de 70%.

Segundo dados oficiais, o Brasil é o segundo país que mais sofre ataques diários dos chamados golpistas cibernéticos, perdendo somente para a Rússia, que encontra-se na primeira posição. Esse número é motivado graças a criatividade aplicada nas fraudes, que têm significativa variedade. Elas vão desde a criação de aplicativos maliciosos (malwares), que muito se assemelham aos oficiais, como de leilões de automóveis, que se utilizam de logos dos Tribunais e ainda pessoas reais para ludibriar as vítimas, além da clonagem de dados do WhatsApp e roubo de perfis nas redes sociais. Ainda há casos de falsificação de sites governamentais que geram boletos falsos.

Diante de tudo isso, é indicado ter cuidado redobrado em qualquer atividade praticada online. É importante adotar o costume de verificar a autenticidade dos sites e aplicativos antes de seguir com a submissão de dados ou a realização de qualquer tipo de pagamento, evitando seguir links enviados por mensagens de texto e, se for caso, contactar as vias oficiais de comunicação de cada instituição.

Todavia, se ainda assim tornar-se vítima de uma dessas engenhosas fraudes, é importante denunciar e divulgar o ocorrido. Isso ajuda a evitar que outras vítimas caiam no golpe e pode facilitar a localização dos responsáveis pelo crime, que poderão ser punidos por seus atos ilícitos.

Recomenda-se que a denúncia seja feita logo após a detecção da fraude no site oficial da instituição de compra ou transação. Também se orienta que sejam mantidos os registros e protocolos da denúncia e que a reclamação seja enviada para os sites aptos para resolver tais conflitos, como o Reclame Aqui e o Procon.

Se ainda permanecerem dúvidas ou se o caso tiver maiores implicações jurídicas, é importante consultar um advogado. De toda forma, lembre-se de proteger seus dispositivos com a instalação de antivírus e de estar atento às informações fornecidas, como forma de consumo consciente e precavido na internet.

[1] <https://g1.globo.com/fantastico/noticia/2020/06/14/golpes-virtuais-disparam-no-brasil-desde-o-inicio-da-pandemia.ghtml>. Acesso em: 15/06/2020

[2] <https://noticias.r7.com/brasil/golpes-virtuais-disparam-com-pandemia-do-coronavirus-14062020> . Acesso em: 17/06/2020.